Publicamos o Texto dramático realizado e adaptado nas aulas de Apoio Educativo de Português do 5ª A, pela professora Teresa Santos, baseado na obra, “A Fada Oriana”, de Sophia de Mello B.A.
A Fada Oriana
Há duas espécies de fadas, as fadas boas e as fadas más. As fadas boas fazem coisas boas e as fadas más fazem coisas más. Era uma vez uma fada chamada Oriana. Era uma fada boa e era muito bonita. Vivia livre, alegre e feliz dançando nos campos, nos montes, nos bosques e nas praias. Um dia a Rainha das Fadas Boas chamou-a e disse-lhe:
RAINHA DAS FADAS BOAS – Oriana, vem comigo! Vamos voar as duas por cima de planícies, lagos e montanhas para um país onde há uma grande floresta. Entrego-te esta floresta e todos os homens, animais e plantas que aqui vivem, de hoje em diante, ficam à tua guarda. Tu és a fada desta floresta, promete-me que nunca a hás de abandonar.
ORIANA- Prometo, Rainha das Fadas! Vou ajudar agora aquela velhinha que vai muito carregada com a lenha.
VELHINHA- Que negra, que negra vida! Estou velha como o tempo e ainda preciso de trabalhar. E não tenho nem filho nem filha que me ajude. Se não fossem as fadas o que seria de mim. Quando eu era pequena, brincava e os animais, as folhas e as flores brincavam comigo
ORIANA- Imagino o que seria desta velhinha sem mim, quando ela acordasse numa manhã fria sem pão nem leite.
Oriana vivia feliz em poder ajudar os animais, as pessoas e as plantas que viviam naquela linda floresta encantada. E, quase todos os dias, Oriana ia a casa da velha, do lenhador e do moleiro.
MOLEIRA- Quem será esta pessoa tão boa que vem à nossa casa quando eu não estou e que me traz as coisas que eu preciso.
MOLEIRO- Hoje é dia de feira e tenho de ir à cidade vender farinha, queres vir comigo mulher? Levamos connosco os nossos onze filhos e quando voltarmos vemos se cá esteve uma fada. Temos de descobrir quem é!
O moleiro e a mulher não sabiam quem era que os andava a ajudar, mas tinham a certeza que era alguém muito bondoso. O lenhador e a mulher também andavam desconfiados que havia uma fada naquela floresta.
LENHADOR- Querida mulher, eu acho que quem nos anda a ajudar é alguém muito querido e bondoso.
MULHER DO LENHADOR- Também acho! Há muito tempo que não cuido da casa e dos nossos filhos.
E tu, querido marido, também tens sido muito ajudado. A madeira tem aparecido toda cortada.
Oriana passeava pela floresta fora, correndo, saltando, dançando e voando, feliz por viver num sítio tão maravilhoso.
Certo dia voou até chegar ao pé de um rio. Sentou-se à beira da água e, qual não foi o seu espanto, ouviu uma voz…
PEIXE- Salva-me! Dei um salto atrás de uma mosca e caí fora do rio.
ORIANA- Pobre peixe, vou já ajudar-te!
PEIXE- Obrigada, muito obrigada! Salvaste-me a vida. Se precisares de alguma coisa de mim diz, estou sempre às tuas ordens. És linda! Como te chamas?
ORIANA – Eu sou a Fada Oriana!
No dia seguinte, Oriana voou novamente para o rio. Ajoelhou-se rapidamente na sua margem e inclinou-se sobre a água. O seu reflexo apareceu todo doirado de sol
ORIANA – Mas que bonita que eu sou, hoje ainda estou mais bonita do que ontem. Serei eu realmente tão bonita como eu me vejo na água? Peixe, peixe, peixe, meu amigo.
PEIXE – Bom dia, Oriana! Aqui estou! O que queres de mim?
ORIANA – Peixe, preciso de ti! Quero saber se o meu reflexo no rio é mais bonito do que eu.
PEIXE – Oriana, nada no mundo é tão bonito como tu.
Oriana ficou encantada com o novo amigo que encontrou, e deixou de cuidar da floresta para só pensar nela própria. Quando a Rainha das Fadas Boas descobriu, ficou tão zangada e desiludida que lhe tirou as asas e a varinha de condão.
RAINHA DAS FADAS BOAS – Oriana, vou tirar-te as tuas asas e a tua varinha de condão porque deixaste de cuidar da floresta que eu te entreguei. Abandonaste os homens, os animais e as plantas, não cuidaste das crianças e dos pobres.
Passado algum tempo, Oriana voltou à floresta e teve uma desilusão, a floresta estava abandonada. Oriana foi a casa do casal de moleiros e encontrou um rato que lhe disse que eles tinham ido para a cidade porque lhes tinha desaparecido o filho mais novo. De repente, Oriana ouviu uma gargalhada assustadora e cruel…
RAINHA DAS FADA MÁS- Então, Oriana! Já não és uma fada? Queres voltar a ser fad
ORIANA- Sim, eu gostava muito.
RAINHA DAS FADAS MÁS- Então junta-te a mim e vamos arruinar a floresta.
Oriana fugiu muito assustada e lembrou-se do seu amigo Poeta. Ele morava no fundo da floresta, numa torre muito alta e muito antiga. Ela voava sobre as árvores e entrava pela janela da torre. E ele dizia …
POETA - Hoje vens tarde!
ORIANA- Olá, meu amigo Poeta! Venho tarde porque estive debruçada sobre o rio, a ver o meu reflexo. Demorei-me porque fiquei encantada com a minha beleza.
POETA- Oriana, não te podes esquecer de ajudar quem precisa de ti. Por favor, encanta a noite!
Oriana voltou a ajudar os habitantes da floresta e apareceu a Rainha das Fadas Boas.
RAINHA DAS FADAS BOAS – Agora já posso devolver as asas de fada e a tua varinha de condão.
Oriana queria falar com o Poeta e foi à cidade. Atravessou o café onde ele estava e, sem que ninguém a visse, parou em frente dele e tocou-lhe ao de leve na mão. Ele levantou a cabeça e viu-a...
ORIANA – Sou eu! Vem comigo para a floresta!
POETA – Agora vejo que és tu, agora vejo que és uma fada. Obrigada, Oriana, por teres voltado.
Oriana deu-lhe a mão e, sem que ninguém os visse, saíram.
POETA - Já chegámos à floresta, encanta tudo para a floresta voltar a ser como era!
ORIANA- Assim o farei, para puderes ter inspiração para escreveres as tuas poesias e para todos os que aqui vivem, voltarem a ser felizes. Vou tocar com a minha varinha de condão nas estrelas.
FIM
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